São Diogo de Alcalá: Modelo Perfeito dos Irmãos Leigos

Ano do Senhor de 1463, sob o pontificado de Sua Santidade, o Papa Pio II.

O Milagre de s. Diogo de Alcalá de Bernard Strozzi

Diogo nasceu na Espanha, pelos começos do século XV, numa povoação chamada São Nicolau, na província da Andaluzia e no bispado de Sevilha. Seus pais, cujos nomes são desconhecidos, tiveram o cuidado de educar este filho no ódio ao pecado e na verdadeira piedade. Deram-lhe no batismo o nome de Tiago, porque este bem-aventurado Apóstolo é o padroeiro de toda a Espanha; mas o nome de Diogo, que em espanhol é o mesmo que o de Tiago, permaneceu-lhe para distingui-lo de uma infinidade de Santos com este nome.

Viu-se claramente, desde a sua infância, que era destinado do Céu a uma eminente santidade: por seu amor à solidão, por suas frequentes orações, por sua modéstia na igreja e pelo gosto que tomava em ouvir falar das coisas celestes. Quando chegou à idade de suportar as suaves rigores do jugo de Jesus Cristo, retirou-se com um santo sacerdote, tocado do mesmo espírito de penitência, para um pequeno eremitério que não ficava longe de sua povoação.

Ali passou alguns anos em contínuos jejuns e vigílias, sempre unido a Deus pela meditação e pela contemplação das verdades divinas. Trabalhava sem cessar de guarda-se para impedir que os sentidos corrompessem a razão e que o espírito se deixasse levar, ainda que por alguns momentos, às inclinações desordenadas da carne. Para evitar a ociosidade, depois de seus exercícios espirituais, ocupava-se no trabalho manual e fazia obras de vime e junco, que dava gratuitamente àqueles de quem recebia pão e vestes por esmola.

Este estado era santo, mas Deus o queria ainda num estado mais perfeito; assim, inspirou-lhe entrar na Ordem da Observância do Seráfico Pai São Francisco, o que ele fez no convento de Arrizafa, que fica perto de Córdova. Já antes tinha tal desejo de alcançar esta felicidade, que, quando queria assegurar alguma coisa, dizia ordinariamente, em vez de jurar: “Assim eu possa tornar-me religioso de São Francisco!”

Como não tinha estudado e, além disso, seu amor pela abjeção o levava sempre a escolher o último lugar, não quis ser senão irmão converso. A conduta que se propôs desde o início, para todo o resto de sua vida, foi a de guardar à letra e inviolavelmente a Regra do Instituto; e isso ele observou com tal fidelidade, que era uma regra viva e um modelo acabado de toda a disciplina regular.

Jamais a transgredia num único ponto, e os religiosos que, depois de terem viajado pela Espanha e pela Itália e convivido com os mais santos personagens da Ordem, tiveram a felicidade de morar com ele, davam-lhe este testemunho: que era o mais exato e o mais pontual em todas as coisas que jamais tinham visto.

A sua humildade era tal, que se fazia servo de todos os irmãos. Humilhava-se mesmo abaixo dos noviços e, considerando-os como seus mestres, prestava-lhes, com profunda submissão, todos os bons ofícios que eles pudessem exigir de sua caridade. Se dava esmola aos pobres, se consolava os aflitos, se auxiliava os ignorantes com seus conselhos, se fortalecia os que eram tentados — considerava todas essas pessoas, tão diferentes entre si, como seus senhores, julgando-se demasiado honrado por poder servi-los.

São Diogo em Êxtase diante da Cruz, por Murillo, 1645–1646

A sua obediência era tão perfeita, que não reverenciava menos os mandamentos de seus superiores do que se Nosso Senhor lhos tivesse feito ouvir de Sua própria boca. Todos os lugares e todos os ofícios lhe eram indiferentes, porque não tinha outro intento senão seguir a vontade de Deus. Muitas vezes lhe ordenaram coisas extremamente penosas e difíceis, e de modo altivo e imperioso, sem nenhuma compaixão de sua fraqueza, causada por suas vigílias e por seus jejuns contínuos; mas ele as executava com não menos prontidão e alegria do que se fossem muito agradáveis e lhas tivessem pedido com grandíssima humildade.

Para conservar a flor de sua castidade, humilhava e enfraquecia o corpo por austeridades incríveis. Não se contentava com o grande número de Quaresmas assinaladas em sua Regra e com os outros jejuns que nela são prescritos; sua vida era um jejum e uma contínua Quaresma. Suas vigílias não o impediam de trabalhar todo o dia, e seu trabalho nada lhe diminuía das vigílias. Acrescentava a essas mortificações disciplinas muito frequentes, pelas quais punha o corpo todo em sangue e o reduzia, às vezes, a um estado tal que já não podia sustentar-se.

Um dia de inverno, em que o demônio acendia em seus rins o fogo da concupiscência, lançou-se corajosamente em água gelada para extinguir aqueles ardores perniciosos.

Ele foi sempre o mais pobre dos religiosos nos conventos onde viveu, porque sabia que seu bem-aventurado Pai havia sobretudo amado a santa pobreza como um patrimônio celeste e como a esposa bem-amada de Deus; também ele nutria por ela afetos e ternuras inexplicáveis. Uma túnica e uma cucúlia, com um crucifixo, um rosário, um livro de orações e um livro de meditações, constituíam todas as suas riquezas; e ainda assim não os considerava como próprios, querendo que fossem os mais usados e os mais vis da casa.

A oração era sua vida e todas as suas delícias. Empregava nela todo o tempo que a obediência não o ocupava em outra parte; ou, para melhor dizer, nunca a interrompia, tendo sempre o espírito e o coração elevados para Deus e fazendo da contemplação das coisas celestes as suas mais queridas alegrias. Nosso Senhor lhe concedeu grandes graças por este meio e lhe descobriu segredos tão elevados, que enchia de admiração os mais doutos teólogos de sua Ordem, os quais, por vezes, deixavam seus livros para vir consultá-lo.

Era dessa fonte inesgotável que ele tirava aquele ardente amor por Deus e aquela caridade para com o próximo, de que seu coração estava sempre abrasado. Teria dado mil vidas para destruir o pecado, para fazer conhecer e amar Jesus Cristo, para estender a fé e a religião cristã, e para procurar à Divina Majestade a honra que Lhe é devida por toda a terra.

São Diogo de Alcalá, Milagre das Rosas, Niccolò Betti

A sua pobreza não o impedia de ter muitas santas indústrias para aliviar as misérias de outros pobres. Privava-se de seu pão para os alimentar, partilhando sempre com eles o pouco que lhe davam para a própria subsistência; e, quando se achava impossibilitado de lhes fazer o bem, derramava por eles lágrimas diante de Deus e os consolava de maneira tão doce e tão encantadora, que lucravam muito mesmo sem receber dele assistência corporal.

A sua inclinação mais forte era assistir os enfermos, e pode-se dizer que jamais algum Santo o superou nesse ofício de misericórdia. Seu coração — diz o seu historiador — era um hospital infinitamente mais amplo do que aqueles que os papas, os imperadores, os reis e as repúblicas fizeram construir com tanta magnificência. Ele ali recebia todo o mundo, e não havia doente algum que, se a obediência lho permitisse, não socorresse com um zelo admirável. Jamais a sua má disposição, nem o mau cheiro de suas chagas, nem a assiduidade que suas enfermidades exigiam, o repeliam; viu-se até mesmo beijar devotamente as suas úlceras.

Esta caridade eminente do servo de Deus manifestou-se singularmente em Roma, no ano do grande Jubileu de 1450, quando o Papa Nicolau V realizou a canonização de São Bernardino de Sena. Reuniram-se então, no convento de Ara-Cœli, até três mil e oitocentos religiosos de sua Ordem, dos quais a maior parte caiu enferma. Tendo ele também ido para assistir a esta dupla solenidade, acolheu com alegria e fervor incríveis a missão de aliviá-los, e cumpriu-a com tanto êxito que, embora houvesse naquela cidade uma extrema escassez de pão, de vinho e de toda espécie de víveres, nada todavia faltou jamais àqueles doentes, e receberam dele só tanto socorro quanto teriam podido receber de um grande número de outros enfermeiros.

Antes dessa viagem à Itália, seus superiores o haviam enviado a uma das ilhas Canárias para ali governar uma casa do seu Instituto. Tendo encontrado nesse país grande quantidade de idólatras, trabalhou com um zelo admirável por sua conversão, e não se pode dizer quantas injúrias, afrontas, misérias e fadigas suportou para lhes fazer conhecer a verdade do Evangelho. Seus trabalhos não foram inúteis: vários desses infiéis abriram os olhos à luz da fé e se submeteram ao jugo de Jesus Cristo.

Ardia ele de um desejo incrível de sofrer o martírio, e foi com esse intuito que se embarcou para ir à Grande Canária, onde o nome de Jesus Cristo não era de modo algum conhecido. Esperava ali encontrar a morte; mas Deus, que o reservava para outros serviços, não permitiu que chegasse ao lugar. Uma grande tempestade que acometeu o navio desanimou os marinheiros de continuar o caminho, e o temor de serem maltratados pelos bárbaros que dominavam aquela ilha fê-los abandonar inteiramente a empresa.

São Diogo de Alcalá, atribuído a Francisco Rizi (Museu Cerralbo, Madri)

Ficou, portanto, constrangido a voltar à sua primeira ilha, chamada Fortaventure, e continuou ali a converter os pagãos e a fortificar admiravelmente os cristãos pelos exemplos de suas virtudes e pelas palavras de vida que saíam de sua boca. Sustentou grande parte desses insulares durante uma fome, graças às santas indústrias de sua caridade, que sabia encontrar nos tesouros da Divina Providência aquilo que não encontrava nos celeiros dos mercadores, nem nas bolsas dos ricos.

Foi chamado de volta à Espanha no ano de 1449, e isso lhe deu ocasião, no ano seguinte, de fazer a viagem a Roma de que já falamos, após a qual foi enviado para a província de Castela, onde terminou o resto de seus dias.

O objeto mais ordinário de seus pensamentos era a Paixão de seu Salvador crucificado. Meditava-a frequentemente com os braços estendidos em cruz, ou segurando entre as mãos um crucifixo de madeira; e suas aspirações eram então tão veementes, que a alma, por assim dizer, erguiam às vezes o corpo terreno, mantendo-o assim suspenso por longo tempo. Era também extremamente devoto ao Santíssimo Sacramento do altar. Servia a Missa com uma reverência, uma modéstia e uma piedade que arrebatavam os assistentes. Seu recolhimento e seu amor ao comungar eram admiráveis, e, como recebia graças extraordinárias por meio deste alimento celeste, não se pode exprimir com quanta gratidão dele se nutria e se saciava.

A devoção que tinha pelo Filho estendia-se igualmente à Mãe. Maria era o seu refúgio, sua patrona, sua advogada, sua consolação e sua esperança. Jejuava em sua honra, a pão e água, todos os sábados do ano; celebrava suas festas com uma alegria extraordinária, e recitava todos os dias o seu rosário de maneira tão reverente, que era fácil ver-se o quanto se sentia penetrado da grandeza de seus méritos.

A vida de um tão santo religioso foi toda cheia de milagres. Indo ele um dia, com outro religioso do convento de Cerraya ao de São Lucas de Barraméda, não pôde obter alimento algum pelo caminho, o que o reduziu, assim como ao seu companheiro, a tamanha fraqueza, que já não podiam caminhar. Então elevou o espírito a Deus para implorar o Seu socorro, e no mesmo instante avistaram, em meio à solidão, uma toalha branca estendida sobre a relva, com pão fresco, peixes recém-cozidos, limões e uma garrafa de vinho.

Procuraram de todos os lados para ver se aquele banquete não teria sido disposto para outros; mas, não aparecendo pessoa alguma nem à direita nem à esquerda, reconheceram que lhes fora preparado pelos cuidados caritativos da Divina Providência. Saciando-se dele com ações de graças, concluíram depois felizmente a sua jornada.

São Diogo alimentando os pobres, Murillo

Em Sevilha, um menino de sete anos, temendo os castigos de sua mãe, escondera-se no fundo do seu forno e ali se trancara. A mulher, sem imaginar que o filho estivesse dentro, lançou lenha e acendeu o fogo para aquecê-lo. A chama despertou o menino: ele gritou, chamou a mãe, implorou-lhe socorro de maneira lastimosa; mas era tarde demais, e o fogo já estava tão forte que não havia aparência alguma de que pudesse ser salvo.

Então aquela mulher pôs-se a correr pelas ruas como desesperada, acusando-se de ser a homicida de seu próprio filho. Mas, por um golpe do Céu, São Diogo, achando-se junto de sua casa, consolou-a e, tendo-a enviado a rezar diante do altar de Nossa Senhora, dirigiu-se ao forno com seu companheiro e com uma grande multidão. E, não obstante a lenha já estar quase toda consumida, retirou de lá aquele inocente são e salvo, sem a menor marca de queimadura.

Sendo o milagre tão visível e tão certo, os vizinhos tomaram o menino e o conduziram como em triunfo até a capela onde a mãe rezava; e os cônegos o revestiram de branco em honra da Santíssima Virgem. Desde então, aquela mesma capela se tornou muito célebre, e houve ali grande concurso de fiéis para implorar a proteção dessa Mãe dos aflitos.

Nosso Santo curava frequentemente os enfermos por suas orações, ou pelo sinal da cruz, ou ungindo-os com o óleo da lâmpada que ardia diante da imagem de Nossa Senhora — o que ele fazia para ocultar aos homens o grande dom dos milagres que recebera de Deus. Enfim, aprouve à Divina Bondade dar ao seu servo a coroa de justiça por ter bem combatido e por Lhe ter sido fiel.

São Diogo de Alcalá, repodução por IA.

Sua reputação era tão grande em toda parte, pela sua simplicidade, sua inocência, sua pureza de coração e sua vida isenta dos menores defeitos, que já não o chamavam de outro modo senão o santo religioso. Nosso Senhor, para exercitar sua paciência e aperfeiçoar sua humildade, enviou-lhe um abscesso extremamente infecto e doloroso no braço, que lhe durou até a morte.

Certa noite, achando-se muito doente, foi tão arrebatado fora de si, que já não tinha qualquer sentimento, e os frades e médicos o julgavam morto; mas voltou daquele êxtase, e então ouviram-no dizer três ou quatro vezes: “Oh! quantas flores formosíssimas há no paraíso!”

Quando viu aproximar-se a sua última hora, muniu-se dos sacramentos da Igreja e, querendo imitar seu bem-aventurado Pai, pediu por esmola o hábito mais pobre e a corda mais gasta do convento. Não se pôde recusar-lhe tal consolação; e assim este homem admirável, que era maduro para a eternidade, entregou sua bela alma nas mãos de Nosso Senhor, para ir gozar sem fim de Seus Divinos abraços.

São Diogo de Alcalá, madeira policromada de Gregorio Fernández; Museu Nacional de Escultura (Valladolid).

Foi na noite de um sábado, 12 de novembro de 1463. Ao morrer segurava um grande crucifixo, e suas últimas palavras foram aquelas que a Igreja canta em honra da cruz: Dulce lignum, dulces clavos, etc.: “Ó lenho amável! ó cravos benditos! ó cruz soberanamente amável, que somente vós fostes digna de portar o Rei e Senhor dos céus!”

Seu corpo, que suas grandes austeridades haviam tornado seco e escuro, tornou-se imediatamente branco e perfeitamente formoso, e dele exalou um odor tão suave, que perfumava os que a ele se aproximavam — contanto, contudo, que estivessem em bom estado; pois aqueles que tinham a consciência carregada de grandes pecados não gozavam desse favor enquanto não se confessassem. Seus membros estavam flexíveis, como se ainda estivesse vivo.

Foi sepultado no domingo; mas, quatro dias depois, retiraram-no da terra tão fresco quanto antes, e permaneceu vários meses sem corrupção, exposto à devoção dos fiéis, exalando sempre aquele odor maravilhoso.

1.º — Representam-no segurando uma cruz na mão, quer porque ele havia pregado o Evangelho nas ilhas Canárias, quer porque sua vida de dedicação terminou com aquelas palavras que pronunciou ao entregar sua alma a Deus, com os olhos fixos na cruz: “Ó madeira preciosa, ó ditosos cravos, que tivestes a felicidade de portar o Rei dos reis!”

2.º — Retirando, cheio de vida, de um forno — onde adormecera e que haviam aquecido sem lembrar-se do pobre menino — uma criança que ele restitui à mãe desesperada.

3.º — Tendo um lírio na mão, símbolo da virgindade que conservou por toda a vida.

Fez-se um grande número de milagres por sua invocação e pelo toque das coisas que lhe haviam pertencido, como fragmentos de seus cabelos, de sua barba e de seus pobres hábitos. O Papa Sisto V relata muitos deles na Bula de sua canonização, e Pedro Galesínio, protonotário apostólico, compôs um livro inteiro sobre esses prodígios.

Exposição anual (13 de novembro) do corpo de São Diogo de Alcalá.

O mais notável foi a cura do príncipe Carlos, filho primogênito e herdeiro presuntivo de Filipe II, rei de Espanha. Este príncipe, brincando em Alcalá, no palácio real, caiu de uma escada sobre a cabeça com tal violência, que recebeu uma ferida mortal e inteiramente incurável. Já não se esperava senão sua morte; os médicos e cirurgiões o haviam abandonado, e já só se pensava em preparar-lhe funerais dignos de seu nascimento, quando pessoas piedosas fizeram ver ao rei, seu pai, que, realizando São Diogo tantos prodígios, poderia ele esperar a cura do príncipe infante se mandasse trazer o corpo do Santo para sua câmara.

O rei acolheu de bom grado essa proposta e ordenou imediatamente que o santo corpo fosse trazido do convento dos Frades Menores ao palácio. Quando entrou na câmara do enfermo, fizeram-no tocar o corpo, e no mesmo instante começou ele a melhorar; e, poucas horas depois — no momento em que deveria morrer, segundo as declarações dos médicos — achou-se perfeitamente curado.

Esta graça tão assinalada levou o rei a promover com empenho a canonização deste grande servo de Deus. Contudo, não a obteve tão cedo: pois, embora o milagre tenha ocorrido em 1562, sob o Papa Pio IV, a canonização só foi realizada em 1588, pelo Papa Sisto V, no dia da Visitação de Nossa Senhora. O que mostra com quanta exatidão procede a Igreja Romana — apesar das recomendações dos príncipes — quando se trata de propor um Santo à veneração e ao culto público de todos os fiéis.

O papa Inocêncio XI fixou a festa deste santo confessor ao dia 13 do presente mês.

São Diogo de Alcalá, rogai por nós!

Fonte: LE PALMIER SÉRAPHIQUE. Vie des Saints et des Hommes et Femmes Illustres des Ordres de Saint-François. Sous la direction de Mgr Paul Guérin. Tome XI — Mois de Novembre. Édition de 1874.