Oração Preparatória
Ponde-vos na presença de Deus, oferecei-lhe a vossa meditação, pedi-lhe luz, atenção e santos afetos.
Primeiro Prelúdio
Imaginemos ver Maria SS. no ato em que oferece todo o seu Coração a Deus e que o Eterno Pai lhe diz: Tu és a minha filha dileta: em ti encontro as minhas delícias.
Segundo Prelúdio
Peçamos ao Senhor que, pelos merecimentos do SS. Coração de Maria, nos conceda a graça de imitarmos a sua pureza o melhor que possamos, para merecermos ser agradáveis a sua divina Majestade e a esta tão cara Mãe.
O Coração de Maria é o Modelo de Pureza

O Coração que não foi nunca manchado com nódoa alguma de culpa, é por certo o mais puro e o mais perfeito: e por consequência um coração que se deve considerar como o modelo verdadeiro da pureza. Foi o Coração SS. de Maria o único que nunca jamais contraiu mancha alguma. Foi isento de todo o pecado desde a sua conceição. Foi livre de toda a culpa atual, ainda a mais ligeira, por isso teve Maria SS., depois de Jesus Cristo, o Coração mais puro que imaginar se pode. É pois o seu Coração o modelo da pureza mais perfeita que se pode encontrar entre as criaturas. Alma religiosa, para que andais vós formando ideias vagas da santidade? A verdadeira santidade depende principalmente de que vós conserveis a vossa alma livre de todo o pecado. Um coração em que se albergue a culpa, é objeto de horror aos olhos puríssimos de Deus, porque pelo pecado se tornou impuro e abominável. Não julgueis que seja só o pecado mortal que torna a alma fria e repelente aos olhos do Senhor; é também o pecado venial deliberado que torna imundo o coração. Se o não faz abominável e de todo execrável na sua divina presença como o pecado mortal, torna-o pelo menos pouco agradável e desconsolador. Ah! Aquela frieza voluntária no serviço de Deus, aquela negligência nas obrigações do vosso estado, aquelas impaciências contínuas, as dissipações tão repetidas nos vossos exercícios de piedade, quanto mancham a vossa alma! Não obrou assim a SS. Virgem. Ela queria ser unicamente do seu Deus, por isso queria que o seu Coração lhe fosse semelhante.

Para o obter, Maria estudava continuamente as perfeições divinas e as retratava em si quanto lhe era possível. Não detestava só a culpa grave, mas a mais leve falta; e era tão primoroso o seu cuidado, tão solícita a vigilância com que se afastava de qualquer coisa que pudesse desagradar a Deus, que, com a graça abundantíssima que lhe foi concedida, se conservou sempre pura da mais ligeira imperfeição. Eu sei bem que nós não podemos aspirar a tão eminente santidade, pois foi um privilégio raríssimo, exclusivamente concedido a Maria SS.; mas sei também que podemos, ajudados com a graça que Nosso Senhor não nega a ninguém e que nunca falta, ser mais solícitos em nos aperfeiçoarmos. Sei que de nós depende não cairmos naquelas faltas que todo os dias contraímos por nossa negligência. Sei que podemos atender com mais exatidão ao cumprimento dos nossos deveres e a à guarda dos sentidos. Fizemos as nossas vistas sobre o Coração puríssimo de Maria e façamos todo o possível por copiar em nós os lineamentos deste modelo perfeitíssimo de pureza. É um verdadeiro engano o daquelas almas a quem se figure que Maria SS. chegou a tão alta santidade só por que foi confirmada em graça e por ter recebido abundantes e especiais auxílios de Deus para esse fim, por isso não podia ter procedido de outro modo. Sim, foi confirmada em graça, teve do ALtíssimo todos os auxílios possíveis, mas a liberdade da sua correspondência era pleníssima e da sua inteira correspondência derivou a sua tão grande santidade. Começai também vós, ó alma religiosa, ó alma cristã, a corresponder deveras á graça, e ver-se-á crescer de mais em mais em vós a perfeição e a santidade. Convencei-vos portanto que o nosso viver com tantos defeitos e pecados, não é porque nos falte aquele benigníssimo Senhor, com os seus auxílios, não: Ele não falta, nós é que faltamos em lhe corresponder. Começai pois desde já e formai bons propósitos de fiel correspondência.
fonte: “meditações e práticas devotas em preparação para a festa do sagrado coração de maria – pelo Rev. Pe. josé de manfredini, S.J. – 1900