Primeira Sexta-feira do Mês: Afetos para com o SS. Coração de Jesus

Afetos para com o Santíssimo Coração, como fonte e origem de todo o nosso bem

Deixai-me, meu Deus e meu doce Jesus, deixai-me desafogar os sentimentos do meu pobre coração, oprimido com a imensa multidão de benefícios, que do vosso tenho recebido: deixai-me falar á minha vontade; e que sem prisões o meu coração diga o que sente acerca do vosso; do vosso coração, que eu adoro, que eu recebo, que eu possuo no sacramento de amor. Oh meu doce Jesus, e que tendes vós obrado em toda a vossa vida; que tendes obrado depois que subistes ao céu glorioso, que não saístes do vosso terníssimo e amável coração? Se o vosso amor vos tem movido a obrar por mim tantas finezas, quem as obrou, senão o coração com que me amais?

Nós atribuímos ao bom coração de qualquer homem todas as suas louváveis ações; ao seu coração heroico e magnânimo atribuímos as suas proezas e generosidades; e porque razão não atribuiremos ao vosso adorável coração, como a fonte sagrada, todas as finezas, que por nós tendes obrado? Quando eu considero em qualquer passo da vossa vida; quando faço reflexão nas terníssimas expressões da Escritura, a minha alma vai logo buscar a origem, donde eles procedem, e se encontra com o vosso adorável coração. Eu o considero como um sol, despedindo para toda a parte tantos raios, quantos são os lances de amor, as finezas, a ternura, a grandeza e longanimidade, a mansidão, a liberalidade com que nos tratais, enfim os efeitos da vossa amabilidade infinita, que o fazem sobretudo digno do nosso amor, mostrando-nos o que vós sois.

Que consolação, meu Deus, é para uma alma, que isto crê, o pôr-se diante de vós no Divino Sacramento, ao menos em espírito? O pôr-se, digo, a olhar para o vosso coração, e contemplar os seus movimentos a respeito de nós? Que consolação traz consigo o refletir, que sois nosso bom e verdadeiro amigo; que amais sinceramente, e com empenho, e com firmeza, e com excesso, e com gosto, e satisfação, e regozijo de nos amar! Que júbilo traz á nossa alma o considerar no modo com que nos favoreceis! Ver as traças em que dais, as ideias nunca imaginadas; ver os meios que inventais, para que voa amemos! Senhor, eu nunca vi em ninguém finezas semelhantes ás que vós tendes obrado para atrair, suavemente nos obrigardes a que tenhamos amor. E o que mais me admira, é que neste empenho desta mais fina amizade conosco, não buscais tanto a consolação de vos verdes amado, porque não mendigais as migalhinhas do nosso frio amor, tendo o amor intensíssimo e puríssimo, que vos consagram todos os anjos, e mais que eles vossa Mãe puríssima, e mais que ela, vosso Pai Eterno: não, não é esta fome, ou sede de receber amor a que vos obriga a obrar pelo nosso coração tão constantes finezas: é o desafogardes a generosidade do vosso boníssimo coração, que quer amar só por amar; que quer que vos amemos para terdes pé e ocasião de vasar sobre nós a torrente dos vossos favores e a inundação de bens que desde a eternidade nos tendes preparado: tanto assim, que o vossos amor não descansa, até nos meter de posse do vosso reino, sentar-nos no vosso trono “Qui vicerit, dabo ei sedere mecum in throno meo, sicut ego vici, et sedi cum Patre meo in throno ejus.” (Apoc., III, 21) e fazer-nos participantes da mesma felicidade, com que sois bem-aventurado.

Eis aqui ideias do vosso coração. Bendito seja ele mil vezes. Oh! Dai-me, Senhor, que eu vos chegue a amar, como vós mereceis, ou ao menos, como eu conheço que vos devo amar. Dai-me este justo amor; e enquanto mo não dais, sai-me ao menos o veemente desejo de o ter; dai-me, meu amoroso Deus, para prova do vosso bom coração. Assim o espero.

Entretenimentos do Coração Devoto com o Santíssimo Coração de Jesus – Pelo Padre Theodoro de Almeida – I Entretenimento
Copilado por: Frei Serafim Maria, O. F. M. Sub

Exortação ao Povo Católico do Brasil – Mons. Mark Pivarunas

Os fiéis católicos são lembrados de sua obrigação moral de promover princípios católicos na sociedade. Um dos meios importantes de fazê-lo é participar da eleição de bons líderes para seus países. O Papa Pio XII reiterou esta obrigação moral em dois diferentes discursos. Por favor, leiam as palavras do Vigário de Cristo sobre esta matéria.

Discurso aos Delegados da Conferência Internacional de Emigração (17 de outubro de 1951):

Sua Excel. Revma. Mons. Mark Pivarunas

É um direito e um dever chamar a atenção dos fiéis à extraordinária importância das eleições e a responsabilidade moral que repousa sobre todos que têm o direito ao voto ou de votar? Sem dúvidas, a Igreja pretende permanecer fora e acima dos partidos políticos, mas como pode permanecer indiferente à composição de um Parlamento, quando a Constituição a este dá poder de aprovar leis que tão diretamente afetam os altíssimos interesses religiosos e mesmo a condição de vida da própria Igreja? Então surgem também outras questões árduas, acima de todos os problemas e contendas econômicas que afetam proximamente o bem-estar do povo. Quando elas [as questões] são de ordem temporal (apesar de, na realidade, também afetarem a ordem moral), os clérigos deixam-nas aos outros o cuidado de ponderar e considerá-las tecnicamente pelo bem comum da nação. De tudo isso, segue-se que:

É um dever estrito para todos aqueles que têm direito, homens ou mulheres, tomar parte nas eleições. Quem quer que se abstenha, sobretudo por covardia, comete um pecado grave, uma falta mortal.

Alocução ao Sacro Colégio (16 de março de 1946):

É o direito e ao mesmo tempo o dever essencial da Igreja instruir os fiéis por palavras e por escrito, do púlpito ou de qualquer outro meio usual, sobre tudo o que toca à fé e à moral ou é irreconciliável com sua própria doutrina e, portanto, inadmissível aos católicos, seja uma questão de sistemas filosóficos ou religiosos, ou dos fins intencionados por seus promotores, ou de suas concepções morais sobre a vida, seja de indivíduos ou da sociedade.

O exercício do direito ao voto é um ato de séria responsabilidade moral, ao menos quando é uma questão de eleger aqueles que são chamados a dar ao país sua constituição e suas leis.

Rezemos para que Deus proteja o povo brasileiro do flagelo do socialismo e do comunismo. Nunca nos esqueçamos da poderosa intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, sobretudo quando consideramos a grande vitória da frota cristã na Batalha de Lepanto através da recitação do Santo Rosário.

Com minhas orações e bênção,

Reverendíssimo Mark A. Pivarunas, CMRI

Baixe o texto original: Exhortation to the Catholic People of Brazil

Princípio Fundamental da Vida Franciscana

Vésperas de Profissão Religiosa!

O sol poente, coando pelos vitrais do Capítulo, ilumina as feições dos noviços. Á luz do sol, afogueiam-se as fisionomias num arroubo juvenil; amanhã, pelos votos sagrados passarão a filhos ditosos de São Francisco. E, ajoelhados diante da comunidade, com o coração nos lábios, pedem admissão aos votos religiosos:

“Veneráveis Padre, e diletos Irmãos em Cristo, rogo-vos por amor de Deus, da Bem-aventurada Virgem Maria, do Nosso Seráfico Pai Francisco e todos os Santos, vos digneis admitir-me à profissão na Ordem Seráfica, para fazer penitência…”

FAZER PENITÊNCIA, eis a que neste magno dever vai objetivo de suas aspirações futuras. Fazer Penitência! Eis a definição do caráter da vida franciscana.

Em abono de tal convicção podem invocar o testemunho do Seráfico Pai São Francisco, o qual, recordando os desígnios de sua vida, perpetuou o seu Testamento a grata recordação: “Concedeu-me o Senhor a graça de uma vida penitente…”

Com efeito, a penitência e a abnegação são a nota dominante na Regra observada por São Francisco e os seus Filhos.

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Lapidares são as palavras que abrem a nossa Regra: “A norma de vida para os Frades Menores é a observância do santo Evangelho de Jesus Cristo”. E a Regra termina exortando: “Cumpramos à risca o santo Evangelho, conforme prometemos, de todo o coração.”

Depara-se algum contrasenso entre o corpo e a epígrafe da Regra? São Francisco, para quem o Espírito Santo esclarecida o sentido das Escrituras, descobriria na penitência do âmago das prescrições evangélicas?

O Pobrezinho de Assis tinha, sem dúvida, o dom de compenetrar-se das verdades divinas. Na interpretação das Escrituras não há meios de aproximá-lo daqueles que no Evangelho procuram a boa nova de uma redenção sem sacrifícios. São Francisco, reverente aos mistérios da Escritura, afasta-se dos que fazem do Evangelho um receituário vago de amor a Deus e ao próximo.

Não resta dúvida que o Evangelho é grata mensagem da Redenção. Tomado em conjunto, porém, pressupõe nossa cooperação, para nos remir da petulância dos sentidos, do pecado que assoberba nossa fragilidade. “Completo em meu corpo o que me falta à paixão de Cristo”, diz São Paulo Apóstolo, o mais ardente pregador do Evangelho.

Nossa cooperação participa do caráter da Redenção. Esta, porém, foi um portento de abnegação e sacrifício. Para assumir a forma de servo na Incarnação, o Filho de Deus obnubilou quanto possível a sua divindade. Mais tarde, teve de abandonar a forma de servo, quando sacrificou a sua humanidade pela salvação do mundo. Não estranha, pois, que a nossa cooperação seja de caráter penitente, na estrada real da Santa Cruz.

Toda a doutrina, todos os preceitos e conselhos do Evangelho culminam na exortação à penitência: “Quem não renunciar a si mesmo, não pode ser meu discípulo”. Este princípio é o fundamental da moral evangélica.

Francisco teve a ventura de penetrar o sentido do santo Evangelho, quando fez uma ordalia, para saber qual a norma de vida que devia seguir com os seus irmãos. Com simplicidade pediu ao sacerdote que abrisse, com sua mão ungida, o santo Evangelho, por três vezes atinou com o conselho de renunciar a tudo. Na terceira vez deu com os olhos na passagem: ” Quem quiser seguir-me renegue a si mesmo e abrace sua cruz”. O Santo compreendeu, então, ter achado a fonte da sabedoria evangélica. Desvaneceram-se as dúvidas. “Eia, pois, quem quiser abandonar tudo, venha à nossa companhia”.

Quando quis tarde, ultimar a redação da Regra, começou com as palavras: ” A vida dos Frades Menores é observar o santo Evangelho de Jesus Cristo”. E as diversas prescrições da Regra, formulou-as tão conformes à penitência, como não o fizera nenhum Fundador antes dele. No fim da Regra declara não exceder-se em suas exigências impondo a observância pura e formal do santo Evangelho. “Para observarmos o Evangelho, conforme prometemos, de todo o coração”. A interpretação ascética do Evangelho, muito apreciada na Igreja de Deus, colhe seu maior triunfo na Regra de São Francisco.

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Fonte: “Os Mananciais da Vida Franciscana”, Cap. 1 A Individualidade Franciscana, pelo Rev. Pe. Frei Galo Haselbeck, O. F. M. – 1933

Primeiro Sábado do Mês: O Coração de Maria é o Modelo de Pureza

Oração Preparatória

Ponde-vos na presença de Deus, oferecei-lhe a vossa meditação, pedi-lhe luz, atenção e santos afetos.

Primeiro Prelúdio

Imaginemos ver Maria SS. no ato em que oferece todo o seu Coração a Deus e que o Eterno Pai lhe diz: Tu és a minha filha dileta: em ti encontro as minhas delícias.

Segundo Prelúdio

Peçamos ao Senhor que, pelos merecimentos do SS. Coração de Maria, nos conceda a graça de imitarmos a sua pureza o melhor que possamos, para merecermos ser agradáveis a sua divina Majestade e a esta tão cara Mãe.

O Coração de Maria é o Modelo de Pureza

O Coração que não foi nunca manchado com nódoa alguma de culpa, é por certo o mais puro e o mais perfeito: e por consequência um coração que se deve considerar como o modelo verdadeiro da pureza. Foi o Coração SS. de Maria o único que nunca jamais contraiu mancha alguma. Foi isento de todo o pecado desde a sua conceição. Foi livre de toda a culpa atual, ainda a mais ligeira, por isso teve Maria SS., depois de Jesus Cristo, o Coração mais puro que imaginar se pode. É pois o seu Coração o modelo da pureza mais perfeita que se pode encontrar entre as criaturas. Alma religiosa, para que andais vós formando ideias vagas da santidade? A verdadeira santidade depende principalmente de que vós conserveis a vossa alma livre de todo o pecado. Um coração em que se albergue a culpa, é objeto de horror aos olhos puríssimos de Deus, porque pelo pecado se tornou impuro e abominável. Não julgueis que seja só o pecado mortal que torna a alma fria e repelente aos olhos do Senhor; é também o pecado venial deliberado que torna imundo o coração. Se o não faz abominável e de todo execrável na sua divina presença como o pecado mortal, torna-o pelo menos pouco agradável e desconsolador. Ah! Aquela frieza voluntária no serviço de Deus, aquela negligência nas obrigações do vosso estado, aquelas impaciências contínuas, as dissipações tão repetidas nos vossos exercícios de piedade, quanto mancham a vossa alma! Não obrou assim a SS. Virgem. Ela queria ser unicamente do seu Deus, por isso queria que o seu Coração lhe fosse semelhante.

Para o obter, Maria estudava continuamente as perfeições divinas e as retratava em si quanto lhe era possível. Não detestava só a culpa grave, mas a mais leve falta; e era tão primoroso o seu cuidado, tão solícita a vigilância com que se afastava de qualquer coisa que pudesse desagradar a Deus, que, com a graça abundantíssima que lhe foi concedida, se conservou sempre pura da mais ligeira imperfeição. Eu sei bem que nós não podemos aspirar a tão eminente santidade, pois foi um privilégio raríssimo, exclusivamente concedido a Maria SS.; mas sei também que podemos, ajudados com a graça que Nosso Senhor não nega a ninguém e que nunca falta, ser mais solícitos em nos aperfeiçoarmos. Sei que de nós depende não cairmos naquelas faltas que todo os dias contraímos por nossa negligência. Sei que podemos atender com mais exatidão ao cumprimento dos nossos deveres e a à guarda dos sentidos. Fizemos as nossas vistas sobre o Coração puríssimo de Maria e façamos todo o possível por copiar em nós os lineamentos deste modelo perfeitíssimo de pureza. É um verdadeiro engano o daquelas almas a quem se figure que Maria SS. chegou a tão alta santidade só por que foi confirmada em graça e por ter recebido abundantes e especiais auxílios de Deus para esse fim, por isso não podia ter procedido de outro modo. Sim, foi confirmada em graça, teve do ALtíssimo todos os auxílios possíveis, mas a liberdade da sua correspondência era pleníssima e da sua inteira correspondência derivou a sua tão grande santidade. Começai também vós, ó alma religiosa, ó alma cristã, a corresponder deveras á graça, e ver-se-á crescer de mais em mais em vós a perfeição e a santidade. Convencei-vos portanto que o nosso viver com tantos defeitos e pecados, não é porque nos falte aquele benigníssimo Senhor, com os seus auxílios, não: Ele não falta, nós é que faltamos em lhe corresponder. Começai pois desde já e formai bons propósitos de fiel correspondência.

fonte: “meditações e práticas devotas em preparação para a festa do sagrado coração de maria – pelo Rev. Pe. josé de manfredini, S.J. – 1900